Esta sou eu, verso e inverso. Isto é o que vivo, o que penso, o que rio, o que choro, o que amo... São palavras
que me definem, mesmo que a maior parte delas não sejam minhas... Isto é o que sinto. Ponto.
que me definem, mesmo que a maior parte delas não sejam minhas... Isto é o que sinto. Ponto.
domingo, 30 de maio de 2010
De tudo ficaram três coisas...
A certeza de que estamos começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que podemos ser interrompidos
antes de terminar...
Façamos da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro!
Fernando Sabino
Riscos
Às vezes é preciso
uma virada de mesa,
um pouco mais de certeza,
um passo maior que o tombo,
um chute no balde certo,
palavras e peito aberto.
Às vezes é bem vindo
um poucos menos de medo,
e muito mais de ousadia,
um desafio ao tempo,
remar mesmo contra o vento,
um tapa na covardia.
Às vezes é preciso
um batom mais escuro,
um pulo por sobre o muro,
uma vontade atrevida
e um gole maior da vida!
(Mara Regina Weiss)
Música: Turn, Turn, Turn
The Byrds
http://www.youtube.com/watch?v=fg73MRomwSA&feature=related
Vire, vire, vire...
Para tudo (vire, vire, vire)
Há uma época (vire, vire, vire)
E um momento para cada propósito, sob o céu
Um momento para nascer, um momento para morrer
Um tempo para plantar, um momento para colher
Um momento para matar, um momento para curar
Um momento para rir, um momento para prantear
Para tudo (vire, vire, vire)
Há uma época (vire, vire, vire)
E um momento para cada propósito, sob o céu
Um momento para edificar, um momento para desmoronar
Um momento para dançar, um momento para se condoer
Um momento para livrar-se de pedras, um momento para reunir pedras
Para tudo (vire, vire, vire)
Há uma época (vire, vire, vire)
E um momento para cada propósito, sob o céu
Um momento para amor, um momento para ódio
Um momento de guerra, um momento de paz
Um momento em que você deve abraçar, um momento para abster-se de abraçar
Para tudo (vire, vire, vire)
Há uma época (vire, vire, vire)
E um momento para cada propósito, sob o céu
Um momento para ganhar, um momento para perder
Um momento para rasgar, um momento para costurar
Um momento para amar, um momento para odiar
Um momento para paz, eu juro que não é tarde demais
Uma ostra disse a outra ostra vizinha:
- Sinto uma grande dor dentro de mim, é profundo, redondo e me lastima.
E a outra ostra replicou com arrogante complacência:
- Louvados sejam os céus e as águas do mar, porque eu não sinto dor dentro de mim! Sinto-me bem intacta por dentro e por fora.
Nesse momento, um velho caranguejo que por ali passava escutou às ostras, e falou à que estava bem por dentro e por fora:
- Se, te sentes bem e intacta é porque estás vazia; mas a dor que suporta tua vizinha é uma pérola de inigualável beleza. (Khalil Gibran)
A VIDA ENSINA
Se você pensa que sabe; que a vida lhe mostre o quanto não sabe.
Se você é muito simpático mas leva meia hora para concluir seu pensamento; que a vida lhe ensine que explica melhor o seu problema, aquele que começa pelo fim.
Se você faz exames demais; que a vida lhe ensine que doença é como esposa ciumenta: se procurar demais, acaba achando. Se você pensa que os outros é que sempre são isso ou aquilo; que a vida lhe ensine a olhar mais para você mesmo.
Se você pensa que viver é horizontal, unitário, definido, monobloco; que a vida lhe ensine a aceitar o conflito como condição lúdica da existência.Tanto mais lúdica quanto mais complexa.
Tanto mais complexa quanto mais consciente.Tanto mais consciente quanto mais difícil.
Tanto mais difícil quanto mais grandiosa. Se você pensa que disponibilidade com paz não é felicidade; que a vida lhe ensine a aproveitar os raros momentos em que ela (a paz) surge.
Que a vida ensine a cada menino a seguir o cristal que leva dentro, sua bússola existencial não revelada, sua percepção não verbalizável das coisas, sua capacidade de prosseguir com o que lhe é peculiar e próprio, por mais que pareçam úteis e eficazes as coisas que a ele, no fundo, não soam como tais, embora façam aparente sentido e se apresentem tão sedutoras quanto enganosas. Que a vida nos ensine, a todos, a nunca dizer as verdades na hora da raiva.
Que desta aproveitemos apenas a forma direta e lúcida pela qual as verdades se nos revelam por seu intermédio; mas para dizê-las depois. Que a vida ensine que tão ou mais difícil do que ter razão, é saber tê-la. Que aquele garoto que não come, coma.
Que aquele que mata, não mate. Que aquela timidez do pobre passe.
Que a moça esforçada se forme. Que o jovem jovie.
Que o velho velhe. Que a moça moce. Que a luz luza. Que a paz paze.
Que o som soe. Que a mãe manhe. Que o pai paie. Que o sol sole. Que o filho filhe. Que a árvore arvore.
Que o ninho aninhe. Que o mar mare. Que a cor core. Que o abraço abrace. Que o perdão perdoe.
Que tudo vire verbo e verbe. Verde. Como a esperança. Pois, do jeito que o mundo vai, dá vontade de apagar e começar tudo de novo. A vida é substantiva, nós é que somos adjetivos.
(Crônica de Artur da Távola)
terça-feira, 25 de maio de 2010
Almas perfumadas
Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta.
De sol quando acorda. De flor quando ri.
Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede
que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda.
Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça.
Lambuzando o queixo de sorvete.
Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro.
E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus.
De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.
Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.
Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo.
Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso.
Ao lado delas,pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que
a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu
e daquelas que conseguimos acender na Terra.
Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza.
Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria.
Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda.
Tocando com os olhos os olhos da paz.
Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença
sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa.
Do brinquedo que a gente não largava.
Do acalanto que o silêncio canta.
De passeio no jardim.
Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro
e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo.
Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar.
Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos
Deus está dançando conosco de rostinho colado.
E a gente ri grande que nem menino arteiro.
Costumo dizer que algumas almas são perfumadas,
porque acredito que os sentimentos também têm cheiro
e tocam todas as coisas com os seus dedos de energia.
Minha irmã* era alguém assim.
Ela perfumou muitas vidas com sua luz e suas cores. A minha, foi uma delas.
E o perfume era tão gostoso, tão branco, tão delicado, que ela mudou de frasco,
mas ele continua vivo no coração de tudo o que ela amou.
E tudo o que eu amar vai encontrar, de alguma forma, os vestígios desse
perfume de Deus, que, numa temporada, se vestiu de Marlene*, para me falar de amor.
(Ana Cláudia Saldanha Jácomo)
PS: Substituí o nome da avó da autora, pelo de minha irmã.
domingo, 23 de maio de 2010
(In)verso
Mara Regina Weiss
Há sóis brilhantes no céu da minha boca,
que teimam em amanhecer todos os dias,
me acordam, me sacodem, me põe louca,
prá que eu os espere mergulhada na poesia!
Há beijos que não dei, que sonham fantasias,
há sonhos que há tempos meu querer invoca,
há vidas esperando em mim e almas vadias
fazendo–me lembrar o que o coração sufoca!
Há girassóis na face, que buscam sol a esmo,
e planetas em mim movem vasto universo;
é que às vezes não sei mais se sou eu mesmo,
ou se o que eu vivo agora é o meu (in)verso!
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