Esta sou eu, verso e inverso. Isto é o que vivo, o que penso, o que rio, o que choro, o que amo... São palavras
que me definem, mesmo que a maior parte delas não sejam minhas... Isto é o que sinto. Ponto.
que me definem, mesmo que a maior parte delas não sejam minhas... Isto é o que sinto. Ponto.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
E o médico perguntou:
- O que sentes?
- Sinto lonjuras, doutor.
Sofro de distâncias*.
[...]
bonsais atômicos, Denison Mendes
*Distância do meu filho que mora lá tão longe, do outro lado do mar. Distância dos meus irmãos que moram longe. Distância de tantas coisas e pessoas que passaam pela minha vida... Eu também sofro de lonjuras....
domingo, 20 de fevereiro de 2011
"Nas horas tristes, filho, não diga nada. Coloque um silêncio bem alto no aparelho de som. E comece a escrever bem baixinho.(Chorar até que pode, desde que não lhe embace a vista). Só não pare: tristeza é pra escrever. Tome posse dessa dor que é toda sua. Até que passe e venha outra mais bonita."
(Cris Guerra)
"A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que não se misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data."
(Guimarães Rosa,in Riobaldo)
sábado, 19 de fevereiro de 2011
QUANTAS VEZES...
Quantas vezes nós pensamos em desistir
deixar de lado o ideal e os sonhos.
Quantas vezes batemos em retirada
com o coração amargurado pela injustiça.
Quantas vezes sentimos o peso da responsabilidade
sem ter com quem dividir.
Quantas vezes sentimos solidão
mesmo cercado de pessoas.
Quantas vezes falamos
sem sermos notados.
Quantas vezes lutamos
por uma causa perdida.
Quantas vezes voltamos para casa
com a sensação de derrota.
Quantas vezes aquela lágrima teima em cair
justamente na hora em que
precisamos ser fortes.
Quantas vezes pedimos a Deus
um pouco de força, um pouco de luz.
E a resposta vem, seja lá como for
um sorriso, um olhar cúmplice,
um cartãozinho um bilhete,
um gesto de amor.
E a gente insiste.
Insiste em prosseguir
em acreditar
em transformar
em dividir
em estar
em ser
E Deus insiste em nos abençoar
em nos mostrar o caminho.
Aquele mais difícil
mais complicado, mais bonito.
E a gente insiste em seguir
porque tem uma missão...
SER FELIZ!
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens...
não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabes que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade.
És tu.
Cecília Meirelles)
sábado, 12 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
...nas entrelinhas desses meus rascunhos
onde me escrevo e eu mesma me leio,
me reescrevo até, me delineio,
é que eu me escondo e nunca me mostro...
Fico escondida ali, ali me prostro,
embaralhada assim, nos meus escritos,
esperando alguém que venha e me decore,
que esse alguém fique e até se demore,
e ao ler-me entenda o que não foi dito.
Sou desse tipo de pessoas muito intensas,
que levam o mundo nas costas, se preciso,
cheias de fé, paixões, e um certo siso
prá se deterem a si próprias, de tão densas.
Sou desse tipo de pessoas bem propensas
a acreditar que tudo dura eternamente
porém, com certo cuidado e astutamente,
deixo bem livre o que eu quero prender,
e assim, com a porta da vida bem aberta,
cada volta sempre é uma descoberta
- o que foi meu sempre vai me pertencer!
Não há bulas, truques nem macetes,
dicas ou códigos, recados ou lembretes;
não se vê placa indicativa nesta estrada,
cada curva pode ser uma aventura,
cada desvio uma decisão errada,
pois na vida uma certeza não é nada.
Não há remédio que garanta a cura,
não há jura que seja garantida,
e nem há dose que seja mais segura,
pois que viver não é sob medida:
se assim seguimos sozinhos, meio às cegas:
já que viver não tem receita a ser seguida
e a própria vida é quem nos dita as regras!
domingo, 6 de fevereiro de 2011
"Você já reparou como é curioso um laço. Uma fita dando voltas? Se enrosca… Mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço. É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço. É assim que é o laço: um laço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer lugar que se precise enfeitar. E quando a gente puxa uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando devagarinho, desmancha, desfaz-se o laço. Solta o presente, o cabelo fica solto no vestido. E na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço. Ah! Então é assim o amor, a amizade. Tudo que é sentimento? Como um pedaço de fita? Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade. E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual os pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor, a amizade é isso, não prende, não escraviza, não aperta, não sufoca. Porque quando vira nó já deixou de ser um laço".
Maria Beatriz Marinho dos Anjos
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
"...A crisálida ainda está se acostumando com a ideia de ser borboleta e já queremos que voe. A flor ainda é botão e, em vez de apreciá-la como botão, ficamos apressados para vê-la desabrochada. O fruto ainda precisa amadurecer, mas o arrancamos, verde, do pé, por mera ansiedade. Ainda é a vez do tempo estar vestido de noite, mas queremos que se troque rapidinho para vestir-se de manhã.
Nossa impaciência, nossa pressa àvida pelo resultado das coisas do jeito que queremos, no tempo que queremos, geralmente altera o sábio fluxo do tempo da vida e o desdobramento costuma não ser lá muito agradável. Não é raro, nós o atribuímos à má sorte, ao carma, ao mau-olhado. Não é raro, culpamos Deus, os outros, os astros, os antepassados. Não é raro, é claro, nós ainda nos achamos cobertos de razão.
É fácil lidar com isso? Não é não. Nem um pouco. Esse é um dos capítulos mais difíceis do livro-texto e do caderno de exercícios: o aprendizado do respeito ao sábio tempo das coisas.
" (Ana Jácomo)
"Costumamos esquecer que não podemos impedir a mudança: tudo dança a coreografia sábia e implacável da impermanência. Mas a música daquilo que verdadeiramente nos toca com amor, não importa o quanto tudo mude - e tudo muda -, não deixa nunca mais de tocar e viver, de algum jeito, no nosso coração".
(Ana Jácomo)
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